O ministro revisor da ação penal do chamado mensalão, Ricardo Lewandowski, votou nesta quarta-feira (12) pela condenação de seis réus por crime de lavagem de dinheiro no repasse de recursos pelo Banco Rural

13/09/2012 00:06

 

O ministro revisor da ação penal do chamado mensalão, Ricardo Lewandowski, votou nesta quarta-feira (12) pela condenação de seis réus por crime de lavagem de dinheirono repasse de recursos pelo Banco Rural a pessoas indicadas pelo empresário Marcos Valério --um dos condenados--, e absolveu quatro outros por falta de provas. 

Lewandowski fez nesta quarta a análise do capítulo sobre lavagem de dinheiro, que tem dez acusados. São réus o chamado núcleo financeiro, composto por ex-dirigentes do Banco Rural; e o núcleo operacional, funcionários e ex-sócios das agências de Valério. 

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O revisor condenou Kátia Rabello, ex-presidente e herdeira da instituição, José Roberto Salgado, ex-vice-presidente, Valério e seus dois sócios, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, e a ex-diretora financeira da agência SMP&B Simone Vasconcellos. 

Ele votou pela absolvição de Ayanna Tenório --também absolvida pelo relator, Joaquim Barbosa-- e de Vinicius Samarane, então executivos do Rural, além de Geiza Dias, ex-funcionária da agência SMP&B, de Valério, e Rogério Tolentino, então advogado de Valério, apontado como operador do chamado mensalão. 

Lewandowski chamou de "operação camuflada" o suposto esquema montado entre as agências de Valério e o Banco Rural, porque os reais pagadores e beneficiados ficavam "ocultados". Ele disse ainda que "não se mostra crível" que a instituição financeira permitisse saques tão elevados sem maior controle, e chegou a citar o pagamento de 200 mil reais a uma pessoa errada. 

De acordo com o Ministério Público Federal, houve crime de lavagem de dinheiro nos pagamentos e saques realizados por meio do Banco Rural, O MPF indicou ainda que, por meio do banco, foram injetados 32 milhões de reais no suposto esquema. 

O Banco Rural, segundo o MPF, teria interesse na bilionária liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, e por isso teria se integrado no esquema, em um caso de tráfico de influência. Houve registros de encontros da cúpula do banco com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, também réu na ação penal do mensalão. 

Rabello e Salgado, segundo Lewandowski, tiveram ação "inquestionadamente comprovada" para a prática dos delitos e cooperaram para esconder a origem e os destinatários dos valores sacados. 

Segundo o revisor, ao citar o caso de Simone Vasconcellos, que segundo a denúncia era uma "mera secretária", não é necessário que ela tenha participado do esquema para ser considerada culpada, bastaria apenas que ela soubesse do crime. 

NOVA TROCA DE FARPAS 

As absolvições de Lewandowski, sua afirmação de que Barbosa não levou em conta o que as defesas alegaram e menções à tentativa de votar com celeridade pareceram irritar o relator, que atacou o revisor. 

"Vamos parar com este jogo de intrigas", afirmou Barbosa. "Faça o seu voto de maneira sóbria", acrescentou. 

Lewandowski mostrou irritação e o presidente da Corte, Ayres Britto, precisou intervir.